quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Convivendo com o Eduardo nos dias atuais


Depois de tantas tentativas de encontrar uma escola para o Du, por ser um caso raro, com múltiplas deficiências, acabei aceitando que meu filho não aprenderia a ser independente, não falaria, não aprenderia a usar a linguagem dos sinais, não seria independente na higiene pessoal, não aprenderia a comer e beber sozinho, para dormir precisaria tomar remédios. Sempre precisaria de ajuda, seria dependente de cuidados.
O Eduardo usou fraldas até os 14 anos, e foi ele quem quis tirar. Fui ensinando-o a usar o banheiro até que aprendeu a fazer as necessidades no vaso sanitário. Foi mais uma vitória.
Como o Du é agitado se machucou muitas vezes, cortou a cabeça várias vezes, quebrou um braço, e de tanto ir aos hospitais ficou traumatizado. Precisa de cinco pessoas para segurá-lo para o médico examiná-lo, por que ele tem uma força muito grande.
Com a perda da visão o Du ficou inseguro, e parou de se machucar, porém arranjou uma maneira de compensar isso, arrancou azulejos da cozinha, virava a mesa de madeira maciça, arrancou o vaso sanitário, as grades pantográficas de ferro das janelas, etc. Destruidor nato.
Hoje, com 26 anos o Du está bem de saúde, ele muda a rotina, e todo dia é uma surpresa, tem dias que está agitado ‘normal’, isto é, segue a rotina de levantar, tomar o café da manhã, banho, almoço, café da tarde, jantar, vitamina de frutas à noite, e tem dias que está muito agitado, querendo comer de cinco em cinco minutos, ou querendo sair.
Controlar essa agitação é muito cansativo por causa da força que ele tem e também por que o Du não conhece a palavra ‘não’, eu tenho que me adaptar a ele e é difícil, por que ele não compreende a situação.
Tanto o neurologista quanto o psiquiatra dizem que o Eduardo não pensa, não tem o processo de raciocínio, o seu cérebro não se desenvolveu por causa da CMV.
O psiquiatra achou a Ressonância Magnética do Du muito diferente, disse que o cérebro dele é amorfo, sem forma, não desenvolvido, por isso que meu filho não aprende nada, não tem consciência, nada tem sentido para ele. Os remédios que o Du toma cada vez mais estão aumentando a dosagem e mesmo assim, tem dias que fica agitado.
O psiquiatra ficou surpreso de ver que o Du tem um vínculo comigo e aceita carinhos, e disse que ele tem qualidade de vida, está bem cuidado, e graças ao meu amor ele pode viver muitos anos.
Por isso, fico revoltada quando leio as notícias de mães que jogam seus filhos no lixo, trancam em casa, maltratam crianças normais.Elas não sabem o que é ter um filho com múltiplas deficiências. 
Os filhos são para serem amados, cuidados, orientados para a vida normais ou não.