Citomegalovírus e a gravidez: entenda por que o vírus é
perigoso.
Ele é mais comum nas crianças, mas mulheres grávidas precisam
estar atentas. Da família do herpesvírus, o citomegalovírus (CMV) é transmitido
através do contato com fluidos corporais de uma pessoa infectada, como saliva,
sangue e urina, e pode deixar sequelas em bebês de mulheres que o contraiam
durante a gravidez.
De acordo com o ginecologista e obstetra do Hospital
Sírio-Libanês Alexandre Pupo, existe risco de aborto, pneumonia e
malformações importantes no bebê, como deficiência intelectual, surdez e
alteração no funcionamento do campo visual. Entenda melhor o que é e como se
proteger do vírus:
Os sintomas do citomegalovírus
Grande parte das infecções causadas por citomegalovírus são assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas. "Quando eles existem, no entanto, são parecidos com a mononucleose. Febre, aumento do fígado e baço, alteração de linfócitos no sangue, e sintomas de hepatite, como dor próximo à costela direita e eventual coloração amarelada de pele", explica Alexandre Pupo. Por isso, no início do pré-natal o médico requere um exame de sorologia para citomegalovírus.
Bebê
está mais protegido se a mulher já tiver o vírus. Como se proteger?
Segundo
o especialista, de 70% a 90% dos adultos apresentam anticorpos contra o
citomegalovírus por já ter tido contato com o vírus no passado. Quando a mulher
já apresenta anticorpos, há menor risco de e transmitir o vírus ao feto.
"Se
o exame mostrar que não houve contato prévio, devem-se evitar locais fechados
com grande aglomerado de pessoas, principalmente de crianças, como creches e
festas infantis; pegar crianças no colo e beijá-las no rosto e procurar lavar
sempre as mãos, evitando levá-las aos olhos e boca", orienta o
ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês. Outras maneiras de
prevenção são evitar contato muito próximo com outras pessoas, principalmente
as crianças, lavar sempre bem as mãos e manter boa higiene pessoal.
Existe
diferença entre adquirir o vírus antes da gravidez ou durante?
"O
contato com o vírus antes de engravidar leva à produção de anticorpos de defesa
que vão impedir que, no caso de nova infecção, esta seja tão importante quanto
a primeira. Logo, se a gestante for soroconvertida antes da gravidez, ela
estará mais protegida, bem como o seu bebê", responde Alexandre Pupo.
Mas
existe o risco de a infecção ser próxima ao momento de concepção, o que aumenta
o risco de aborto e malformações. "Se ocorrer a primeira infecção
durante a gestação, quanto mais tarde ela ocorrer, menor o risco para o bebê em
relação aos problemas. Cerca de 10% dos bebês de mães que têm a infecção pela
primeira vez na gestação desenvolvem sintomas. Destes, 30% podem vir a morrer
da infecção", explica Alexandre Pupo.
Segundo
o especialista, se o bebê nascer assintomático, mas carregando o vírus, ainda
assim cerca de 10% deles desenvolverão algum grau de alteração neurológica.
"Os riscos de transmissão do vírus da mãe ao feto diminui após o quinto
mês de gestação e se ela já teve contato prévio, ou seja, soroconversão antes
da gravidez", finaliza.
Como
a mulher transmite o citomegalovírus para o bebê?
A
transmissão pode ocorrer de forma intra-uterina, através da placenta ou no
momento do parto. Também pode haver transmissão após o parto devido ao contato
com secreções maternas como no canal de parto, sangue ou leite. "O risco
de transmitir a doença ao feto é maior quando a mulher tem a primeira infecção
durante a gestação. Neste caso, o risco de transmissão fica ao redor de 10%
variando um pouco de acordo com o momento da gestação", afirma
Alexandre Pupo.
Como
saber se o bebê tem o vírus?
Para saber se o seu bebê carrega, ou não, o citomegalovírus, deve-se fazer um exame de urina após o parto. "Além de exame de sorologia materna mostrando o contato recente com o vírus. Devem-se também buscar sinais indiretos, como aumento de fígado no recém-nascido e, entre outros, exame de retina", explica o ginecologista e obstetra do Hospital Sírio-Libanês.
Quando
o bebê é infectado, o vírus persiste por anos na criança, ela pode desenvolver
pneumonia, surdez, corioretinite com perda visual gradativa, deficiência
intelectual e retardo no desenvolvimento neuromotor. A idade de instalação das
alterações varia de acordo com a gravidade da infecção, mas geralmente já são
perceptíveis no nascimento e até o 6º mês de vida. Não há tratamento ideal.
Usam-se antivirais nos casos graves com respostas variadas ao tratamento. Todas
estas alterações surgem nos primeiros meses/anos de vida.
Por
Bruna Capistrano
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